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Crianças X Eletroeletrônicos Por Dra. Mariana Bandeira -Médica Pediatra

No mundo atual, com o avanço rápido da tecnologia, brincadeiras como amarelinha, pular corda, bambolê e esconde-esconde foram substituídas por tablets, smartphones, videogames e computadores. Cada vez mais crianças têm passado boa parte do tempo livre utilizando esses aparelhos e o efeito pode ser negativo. O uso da tecnologia deixa de ser saudável a partir do momento em que as crianças trocam o mundo real pelo virtual. Elas deixam de brincar, de aprender com o lúdico, de socializar e de interagir com seu meio.

O uso de eletrônicos em si não é exatamente o problema, mas sim a falta de brincadeiras no mundo real. Quando a criança brinca, faz uso das operações infralógicas, que garantem noção operatória de espaço, tempo e causalidade. Um exemplo é uma brincadeira simples de entrar debaixo de uma cadeira. A criança precisa viver a experiência para saber se cabe naquele espaço ou não.

É muito importante o exemplo dos pais. As crianças se espelham nos adultos e, se eles ficam muito tempo conectados, podem ser más inspirações aos pequenos. É preciso estipular limites sobre o uso desses recursos e reservar tempo para momentos de lazer, para a brincadeira, leitura e interações em família.

Alguns dos malefícios:

1. Problemas de desenvolvimento cerebral

Os cérebros dos bebês crescem muito rapidamente nos primeiros anos de vida. Até completar 2 anos, uma criança tem seu órgão triplicado em tamanho. Nesse período, os estímulos do ambiente, ou a falta deles, são muito importantes para determinar o quão eficiente será o desenvolvimento cerebral. A superexposição a eletrônicos nesse período pode ser prejudicial e causar déficit de atenção, atrasos cognitivos, distúrbios de aprendizado, aumento de impulsividade e diminuição da habilidade de regulação própria das emoções.

2. Obesidade

O uso de TV e vídeo game está correlacionado com o aumento da obesidade, devido ao baixo gasto de energia e sedentarismo. As crianças que possuem dispositivos eletrônicos em seus quartos têm 30% de aumento na incidência de obesidade. E 30% das crianças com obesidade irão desenvolver diabetes e os indivíduos obesos têm maior risco de acidente vascular cerebral e ataque cardíaco precoce, encurtando gravemente a expectativa de vida. Em grande parte devido à obesidade, crianças do século 21 podem ser a primeira geração onde muitos não vão viver mais que seus pais.

3. Problemas relacionados ao sono

A constante utilização dos aparelhos pode acabar gerando dependência em diversos graus diferentes. Um dos problemas relacionados a isso está no fato de que muitas crianças deixam de dormir para jogar, navegar ou conversar nos aparelhos. Além das consequências psicológicas causadas por isso, também é preciso lembrar que a falta de sono noturno pode gerar problemas de crescimento.

5. Doença mental

O uso excessivo de tecnologia está implicado como a principal causa das taxas crescentes de depressão infantil, ansiedade, transtorno de apego, déficit de atenção, autismo, transtorno bipolar, psicose e comportamento infantil problemático.

6. Emissão de radiação

A discussão sobre a relação entre o uso de celulares e o surgimento de câncer cerebral ainda é bem polêmica — e pouco conclusiva. Mas há algo em que os cientistas concordam: as crianças são mais sensíveis aos agentes radioativos do que adultos. Por causa disso, pesquisadores canadenses acreditam que a radiação dos celulares deveria ser considerada como “provavelmente cancerígena” para crianças.

7. Demência digital

Conteúdo de mídia de alta velocidade pode contribuir para o déficit de atenção, bem como a diminuição da concentração e da memória, devido ao cérebro eliminar trilhas neuronais no córtex frontal. Crianças que não conseguem prestar atenção não podem aprender.

8 . Vícios

Como os pais ficam cada vez mais presos à tecnologia, eles estão se desapegando de seus filhos. Na ausência de apego dos pais, as crianças separadas podem se conectar a dispositivos, o que pode resultar em dependência. Uma em cada 11 crianças com idades entre 8-18 anos são viciadas em tecnologia.

A Academia Americana de Pediatria e a Sociedade Canadense de Pediatria atestam que bebês na idade entre 0 a 2 anos não devem ter qualquer exposição à tecnologia, crianças de 3-5 anos devem ter acesso restrito a uma hora por dia e crianças de 6-18 anos devem ter acesso restrito a 2 horas por dia.

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